quarta-feira, 30 de maio de 2012

Outros Melhores do NBB 2011/2012

Esta semana, a Liga Nacional de Basquetebol, organizadora do NBB, apresentou sua lista dos melhores jogadores e tecnicos desta temporada. Como toda lista que se preze, sempre ficam faltando um jogador aqui e outro ali, a depender da opinião de cada um. Assim, resolvi apresentar aqui minha "Outra Lista", contemplando apenas nomes que não foram citados na lista oficial dos jogadores. Ei-la:

ARMADORES
- Elinho (Paulistano)
- Kojo (Joinville)
- Henrique Coelho (Uberlândia)
- Dawkins (Liga Sorocabana)

ALAS
- Betinho (Paulistano)
- Arthur (Brasília)
- Bruno Irigoyen (Minas TC)
- Dedé (São José)
- Alex Oliveira (Paulistano)
- Fisher (Bauru)

 PIVÔS
- Olivinha (Pinheiros)
- Cipolini (Uberlândia)
- Leo (Uberlândia)
- Marcio Cipriano (Brasília)
- Drudi (Franca)
- Bruno Fiorotto (Pinheiros)

 TÉCNICO 
- Regis Marrelli (São José)
- Gustavo de Conti (Paulistano)
- José Alves Neto (Joinville)
- José Carlos Vidal (UniCEUB Brasília)

 MELHOR ÁRBITRO
 - Carlos Renato dos Santos

 ÁRBITRO REVELAÇÃO
 - Andreia Regina

 E você, o que pensa? Quem você acrescentaria? Quem você retiraria?

terça-feira, 29 de maio de 2012

Arbitragem Brasileira

Até que ponto um árbitro decide uma partida de basquetebol? Na minha opinião, o peso dos erros cometidos pela arbitragem é consideravelmente menor do que o dos erros cometidos pela equipe. Árbitros erram, e não erram pouco. Mas, quem se preocupa com a complexidade da função do árbitro? Na maioria das vezes, o árbitro é aquele ser que quando é discreto ou é taxado de omisso ou dizem que ele teve um jogo fácil para apitar. Quando participa bastante, dizem que ele quer aparecer mais do que os jogadores. O árbitro nunca satisfaz o público. Ao longo do NBB 2011/2012 uma experiência (pra mim, muito bem vinda!) foi adotada: alguns árbitros utilizaram um microfone na lapela e assim, nós que assistimos os jogos pela TV tivemos a oportunidade de acompanhar a interação dos árbitros com atletas e técnicos. Não sei se os árbitros mudaram sua maneira de agir em quadra por conta disso, mas achei muito instrutivo ver como eles lidam com as reclamações dos atletas, várias vezes de modo simpático e até divertido, tornando o clima tenso da disputa mais ameno. Penso que pra quem é árbitro e ainda não teve oportunidade de atuar ao lado de árbitro com experiência internacional, o aprendizado foi grande.

O papel do árbitro é complexo. Só pra se ter um ideia, o trio de arbitragem pode ser responsável por mais de 180 tomadas de decisão ao longo de uma partida de categoria adulta em nível amador. Cada decisão tomada pelo árbitro, seja a marcação de uma falta, violação ou o entendimento de que o lance foi normal, gera influências no resultado final do jogo. As preparações física, técnica e emocional do profissional de arbitragem devem ser constantemente treinadas e avaliadas. Uma noite de sono mal dormida afeta seu desempenho, assim como uma alimentação ruim. Contudo, parece que o bom senso para encarar cada situação estressante no jogo tem sido o grande diferencial. Tivemos alguns exemplos interessantes de tomadas de decisão de árbitros ao longo do NBB 2011/2012, que aos poucos vamos comentar por aqui.

Árbitros fazem parte do espetáculo e nossa arbitragem está entre as melhores da modalidade. Mas, é óbvio, há sempre algo pra melhorar.

Jogo 4: Brasília x Pinheiros


Muita gente no twitter e em outros sites e blogs têm reclamado que quando o Nezinho sofreu a falta o jogo 4 entre Brasília e Pinheiros já havia acabado, pois faltavam apenas 2s quando ele bateu o lateral e recebeu de volta do Cipriano, driblou e só então arremessou. Revi o lance várias vezes e confesso que é difícil chegar a uma conclusão. Marquei o tempo desde a recepção do passe pelo Cipriano até a marcação da falta e registrei um tempo de 2,63s. O problema é que o cronômetro (ao menos na tela da TV) só mostrava os segundos e não os décimos. Fica difícil analisar isso, pois quando os segundos zeram ainda existem mais 9 décimos até o fim do tempo regulamentar. Por cauda do barulho da torcida, não é possível ouvir a campainha do placar para saber se o tempo tinha acabado. Penso que a Liga deve obrigar o uso do neon vermelho atrás da tabela em todos os ginásios. Acredito que desta forma estas dúvidas não existiriam. O uso do recurso de video para este tipo de dúvida já é autorizado pelo FIBA e deveria ser aplicado nesta situação.
Independentemente disso tudo, este foi sem dúvida o melhor jogo da temporada e ambas as equipes estão de parabéns pelo espetáculo apresentado.

Sem Dizer Adeus

Helio Rubens Garcia deixou o comando do time de Franca. Li muitas mensagens de agradecimento aos muitos anos de trabalho e dedicação ao desenvolvimento da modalidade naquela cidade. E são merecidas. HR é o maior vencedor de campeonatos nacionais no Brasil. Foram 10 como técnico e mais 5 como jogador. A despedida oficial do Franca Basquete está por vir (o contrato ainda está em vigor), mas as declarações e entrevistas claramente mostram que o clube precisa de um novo treinador. Ainda não ouvi falar de nomes que possam assumir a direção técnica da equipe, mas há quem diga que no fundo Helio Rubens estava preparando o caminho para que a segunda geração dos Garcia fosse o escolhido. Helio Rubens Filho, o Helinho, hoje com  37 anos, teria um desafio e tanto. Mas, será que isso não são apenas ideias? Vamos aguardar. Por outro lado, em suas entrevistas, HR em nenhum momento deu provas de que vai passar a acompanhar o basquete pela TV. A despedida até agora é do clube francano, não do trabalho na modalidade. Não seria estranho se ele retornasse à Uberlândia para assumir a função de coordenador. A verdade é que o basquete brasileiro ainda não está pronto para dar adeus a Helio Rubens.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Treinando para Errar

Esta semana no jogo entre Pinheiros e Brasília, válido pelas semifinais do NBB 2011/2012, houve uma situação de jogo que, acredito eu, nenhum treinador costuma trabalhar nos treinos. Faltavam 2,2 segundos para o fim e o Pinheiros, que perdia por 2 pontos, tinha direito a um lance livre. Convertê-lo seria um erro, pois inviabilizaria a vitória. Ou seja, o certo era errar o arremesso de modo a tentar recuperar o rebote para um novo chute que empataria a partida. Não conheço nenhum técnico que se preocupe com isso, o que de certo modo pode ser compreensível, visto que a chance de necessitar errar intencionalmente um lance livre é baixa. Contudo, penso que em uma estrutura de equipe profissional, essa deveria ser uma situação considerada. A justificativa é o equilíbrio das equipes, que tende a gerar placares com diferença próxima a uma cesta. A maioria das equipes (se não forem todas) têm jogadas ensaiadas para arremessos rápidos para quando faltarem menos de 4 segundos para o fim do período ou do jogo, mesmo que nem sempre as utilizem. Por que não incluir o lance livre errado como uma estratégia comum nos treinos? Não é só errar, mas também direcionar o rebote ofensivo em condições adequadas para arremessar ou dar um tapinha superando a defesa adversária, o que aumenta a dificuldade de execução. Improvisos tendem a não funcionar. Vale a pena pensar no assunto.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

LeBron James e a Hora da Decisão

O Miami Heat venceu esta noite o NY Knicks e avançou, conforme esperado, às semifinais da Conferência Leste da NBA. LeBron James a cada partida mostra-se mais e mais empenhado a receber o prêmio de MVP da temporada. Tanto uma avaliação qualitativa como quantitativa de sua performance atestam, mesmo pra quem não torce pro time da Flórida, que a tendência natural é sua escolha como melhor jogador da competição. Por outro lado, um fantasma assombra a carreira de LeBron. Faz algumas temporadas que os momentos decisivos, não dos jogos, mas das temporadas, têm se tornado uma barreira para o sucesso e o reconhecimento. Quem sabe esta não é a hora de LeBron acabar de vez com a fama de amarelão?

Os Astros Também Erram

Na noite de ontem houve um jogão pela Conferência Leste da NBA. O Atlanta Hawks recebeu a visita do Boston Celtics com a missão de "win or go home!". Ao Celtics, a vitória dava de presente um pouco de descanso até a próxima fase. Considerando a média de idade da equipe, uma das mais altas da Liga, até que não era má ideia. Contudo, não se pode ignorar o carrossel de emoções em que se transformam os instantes finais de jogo de basquetebol. Atlanta vencia por 4 pontos quando Paul Pierce acerta um chute de três, fazendo a diferença cair para apenas um ponto. Sem sucesso na ofensiva seguinte, restou ao time da casa se defender e torcer para que os visitantes errassem. E então, faltando apenas 12 segundos para o fim do jogo, Paul Pierce dá um arremesso sem aro e a bola sai pela linha de fundo! Tempo pedido pelo Atlanta. A excelente defesa do Boston impede que o lateral seja cobrado e faz o Atlanta solicitar seu último pedido de tempo. Nova movimentação organizada e nova defesa aguerrida do Boston. Rajon Rondo corta o passe e segue ao ataque determinado a virar o placar, ainda faltando aqueles 12 segundos. Ele dribla, busca a infiltração pelo lado esquerdo com a ajuda de um corta-luz de Kevin Garnet, mas é surpreendido pela defesa do Atlanta e resolve retornar. Para isso, ele faz um cross-over, mas a bola toca em seu pé direito e se perde quase saindo da quadra. Rondo ainda consegue dar um tapinha na bola na direção de Garnet, mas este passe foi interceptado e o jogo acaba. Mesmo atletas de extrema qualidade e acostumados a este tipo de pressão no final dos jogos cometem erros básicos de fundamentos. Quantos arremessos, passes e dribles errados em apenas 12 segundos de jogo! Viva a imprevisibilidade do basquetebol!

Novo Basquete Brasil: Old School vs New School

O NBB 2011/2012 é na minha opinião a melhor edição do campeonato desde a sua criação. Este ano tivemos favoritos ao título, candidatos ao título e surpresas que se equilibraram ao longo das rodadas. Com raras exceções, não havia favoritos nos jogos. Na fase de play-off então, as diferenças foram diminuindo cada vez mais. Achei normal a eliminação do Paulistano pelo time de Franca, mas me surpreendeu a "varrida" por 3 x 0. Bauru eliminou a Liga Sorocabana (3 x 0), mas não enfrentou facilidade, Uberlândia iniciou a série perdendo fora de casa para o Tijuca, mas se recuperou em casa, vencendo a disputa no quarto jogo no Rio de Janeiro. Joinville e Limeira brindaram o público com uma decisão apenas na 5ª partida e nos instantes finais. Muito do que vemos nos jogos são reflexo do trabalho dos técnicos. Este ano, tem sido bem interessante assistir às disputas entre os treinadores veteranos e os da nova geração. Helio Rubens (Franca) e Claudio Mortari (Pinheiros) são os atuais representantes dos veteranos. Técnicos há mais de 30 anos, ambos já vivenciaram de tudo nas quadras de basquetebol mundo afora. Por outro lado, treinadores jovens, como Gustavo de Conti (Paulistano) e José Alves Neto (Joinville), têm mostrado estilos de liderança bastante diferenciados. Analisando cada um, vejo que os dois últimos mostram-se mais objetivos em suas orientações nos pedidos de tempo, enquanto os veteranos tendem a um comportamento mais genérico, muitas vezes baseados na correção das atitudes dos jogadores em quadra ("você tem que voltar pra defesa!", "façam bloqueio de rebote", "façam arremesso equilibrado"). A nova escola dos treinadores pontua mais especificamente o que se deseja organizar em quadra. Parece que cada pequena situação do jogo foi treinada exaustivamente e apenas são relembradas nos pedidos de tempo. Existem claramente muitas variações táticas tanto na defesa como no ataque. Neste sentido, a comunicação com os atletas torna-se de grande importância. Por exemplo, saber utilizar a prancheta tática de modo didático é uma arte que precisa ser treinada. Os rabiscos feitos pela caneta enquanto o treinador vocifera uma infinidade de palavras em alta velocidade pode às vezes confundir mais de que elucidar as ações para os jogadores. É necessário que se preocupem igualmente com os jogadores estrangeiros que não dominam a nossa língua e suas gírias, e certamente ficam com "cara de ponto de interrogação" ao final do pedido de tempo. Isso quando o técnico não é também estrangeiro, o que pode comprometer ainda mais o processo de transmissão de informações para o grupo. O uruguaio Miguel Volcán (ex-Uberlândia) falava em inglês, espanhol e italiano com seus atletas. Até que ponto isso prejudicou o desempenho de sua equipe, é um caso para estudo.

NBA: dando tempo ao tempo

Acho muito interessante a maneira como a NBA trata seus atletas novatos e treinadores. As oportunidades de se desenvolverem com o passar do tempo são grandes. Muito embora seja um meio não apenas competitivo, mas também com fins lucrativos, pois os clubes são empresas, os investidores e donos das equipes têm a noção de que nem todos estão imediatamente prontos para suas funções, ou que precisam de tempo para que seus resultados apareçam. Tenho acompanhado os jogos da primeira rodada dos play-offs e observado que alguns jogadores que pouco atuaram ao longo da temporada têm tido sistematicamente atuações mais longas na quadra. Vamos ver o caso específico do Boston Celtics. Suas aquisições no draft, pelo menos nos últimos dois anos não apresentaram jogadores que se destacassem no elenco, mesmo sendo um time com média de idade bastante alta, o que deveria exigir um maior revezamento de atletas em quadra. O armador Avery Bradley e o pivô Greg Stiemsma não chegaram prontos para assumir suas funções, mas estão sendo preparados gradativamente para isso. No Brasil, pensamos num tempo imediato e se o atleta não rende na primeira temporada, dificilmente será mantido no elenco para a temporada seguinte (independentemente da modalidade esportiva). 

O trabalho dos treinadores também é regido pelo benefício do tempo. O contestado técnico do Miami Heat, Eric Spoelstra, um dos mais jovens a exercer o cargo na NBA, pode realizar seu trabalho passo a passo até o presente momento. Apesar das cobranças da mídia esportiva, inclusive no Brasil, Spoelstra manteve-se no comando do Heat com um percentual de 60% de vitórias (148v-98d) na primeira fase e 54,5% nos play-offs (18v-15d), ao longo das primeiras três temporadas. Muita gente não sabe, mas ele ocupa o segundo lugar no ranking no número e no percentual de vitórias na história da franquia. Além disso, ele já tem 13 anos de serviços prestados ao time como assistente técnico técnico e responsável pelo programa de desenvolvimento individual dos atletas, além de ter elaborado a base de dados das análises estatísticas da performance dos atletas. Miami Heat teve que amargar derrotas importantes, algumas delas dentro de casa, mas mesmo assim, a confiança no trabalho do treinador foi mantida. Por aqui, a lua de mel com torcida e diretoria acaba no primeiro resultado negativo. 

A NBA pensa no futuro e prepara seus treinadores e atletas para os desafios a seguir, respeitando o tempo necessário para que os resultados apareçam, mesmo no campeonato mais competitivo do mundo. Taí uma boa lição para nosso esporte.

Novas Direções do É Cesta!

Olá pessoal!

Depois de longo período de inatividade, o É Cesta! está de volta. Para tanto, fizemos um redirecionamento de conteúdo do blog de modo a viabilizar o acesso à informação sobre o basquetebol de uma forma mais interessante. De agora em diante, apresentaremos crônicas acerca dos eventos ocorridos no basquetebol ao redor do mundo, estudos e análises de jogos, e orientações para  o processo ensino-aprendizagem-treinamento.

Sua participação continuará sendo essencial, fazendo sugestões de temas de interesse, perguntando sobre suas dúvidas e participando de nossas enquetes.

Um forte abraço e boas cestas!

Equipe É Cesta!