Na
terça-feira, dia 04 de dezembro de 2012, houve um jogo fantástico válido pelo
quadrangular final da Liga Sulamericana de Basquetebol. Em quadra estiveram
Flamengo e Peñarol (da Argentina). O time brasileiro não fez um bom primeiro
tempo e chegou ficar quase 6 minutos sem pontuar no segundo quarto. O estrago
daquela primeira metade de jogo foi tão grande que durante 11 min e 38 s, o
placar foi 31 a 5 para os argentinos (vejam a evolução do placar ao longo da partida na figura abaixo). Com uma diferença de 26 pontos dá pra se
considerar a fatura liquidada. E o Flamengo foi para o vestiário 20 pontos atrás
do adversário. E aí...bom, pra encurtar a estória, o Flamengo ganhou o jogo de
79 a 78. Mas como foi isso?
Já vimos viradas espetaculares acontecerem ao redor do mundo, inclusive com a Seleção Brasileira. Já mencionamos anteriormente a final dos Jogos Panamericanos de Indianápolis (1987), em que time brasileiro foi para o intervalo de jogo também com 20 pontos atrás, e virou a partida com base nos arremessos de 3 pontos. A conquista do Pan-1987 talvez tenha gerado a característica mais marcante do estilo de jogo brasileiro, o que muitos apelidaram de “chutebol”.
No entanto, diferentemente do que o basquetebol brasileiro está acostumado, desta vez não foram as milagrosas bolas de 3 pontos que salvaram o time. Pelo contrário, o aproveitamento do time nunca foi tão inexpressivo neste sentido: nenhum acerto em 15 tentativas! Cabe comentar que o Peñarol acertou 9 de 22 tentativas, equivalendo a bons 41% de aproveitamento nos arremessos de longa distância. O que fez o time carioca vencer, então?
Penso que três
fatores contribuíram para a vitória. O primeiro foi o bom controle emocional da
equipe (apesar de uma ou outra falta técnica!), a começar pelo estilo de
liderança do técnico José Neto, que a todo tempo dizia para que seus atletas
ignorassem os erros de arbitragem e se concentrassem no jogo. O segundo aspecto
foi a atitude defensiva do time que passou a atrapalhar mais os arremessos
argentinos e brigar de forma mais aguerrida nos rebotes (Olivinha e Shilton
juntos pegaram 10 rebotes ofensivos!). Um rebote ofensivo dá à equipe atacante
uma nova oportunidade de encestar sem que a posse de bola troque de mãos. Por
fim, as inteligentes opções táticas do ataque, que tiraram o peso dos chutes de
3 pontos para se concentrar num jogo mais próximo à cesta. A figura abaixo
mostra os arremessos do Flamengo no 4º quarto de partida. Observem que, ao invés de buscar a famosa "cesta de 15 pontos" para diminuir a diferença rapidamente, a maioria
das finalizações ocorreu em até 1,5 m de distância da cesta, enquanto apenas 3 tentativas de longa distância foram efetuadas.
Será este o
novo estilo do basquetebol brasileiro?
E você, acha
que vale a pena tentar jogar mais perto da cesta e arremessar menos bolas de 3
pontos?
Gostei muito das oservações.Confesso que não observei que a ¨virada¨ ocorreu através das cestas de 2 pontos.Merecia uma comparação com o jogo do Fla contra Brasilia pois o Flamengo esteve por duas vezes a frente com 11 pontos
ResponderExcluirCarlos Augusto
Isso pode ser um indicativo de mudança do basquetebol brasileiro, que desde de 1987 se baseia nos arremessos de 3 pontos, que tem um percentual de acerto muito menor.
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