Esta semana
houve a promoção de uma grande festa do basquetebol brasileiro. O NBB (Novo
Basquete Brasil), competição organizada pela Liga Nacional de Basquete e que
substituiu os campeonatos brasileiros de clubes outrora a cargo da Confederação
Brasileira de Basketball, chegou à marca de 1000 jogos. A promoção foi bacana,
com direito a vídeos em canais de mídia em locais públicos, como o metrô de São
Paulo, por exemplo. O jogo não poderia ser outro se não aquele que colocava
frente a frente os dois únicos campeões do certame em seus quatro anos de
existência. Os times de Flamengo e Brasília com seus elencos repletos de
estrelas dos basquetebol nacional foram contemplados com placas comemorativas
antes da bola subir para o início da peleja. Muito bacanas e justas homenagens.
Mas...
Durante o jogo
a arbitragem foi confusa, o cronômetro de 24 segundos estava com defeito, o
placar apagou durante e teve que ser reiniciado, as luzes do ginásio se
desligaram parcialmente (fazendo um clima de “treino de segunda-feira a noite”, como disse Byra Bello durante a
transmissão) e houve uma farta distribuição de faltas técnicas e
desqualificantes (só no último quarto de jogo foram cobrados 39 lances
livres!).
Esta equipe de
arbitragem já teve dias melhores, é verdade. Houve atitudes provocadoras e
certo exagero na intolerância às reclamações dos atletas. Ao que tudo indica,
os árbitros foram instruídos a coibir qualquer reclamação acintosa. Concordo
que o atleta brasileiro exagera nessas atitudes e que vive simulando faltas e “jurando por Deus que não encostou no
adversário”, mas será que essa recomendação para a arbitragem chegou ao
conhecimento das equipes? Em caso negativo, a arbitragem será meramente
punitiva e levará mais tempo para modificar os hábitos dos jogadores. Mas...
Também não dá
pra achar que somente os árbitros foram responsáveis pela confusão no jogo. Sei
que muitos não vão concordar comigo, mas pelo que vejo, acho que o time de
Brasília está “saturado de jogar junto”.
O sempre eficiente trio Nezinho, Alex Garcia e Guilherme Giovannoni mostra
sinais de cansaço emocional após cerca de uma década. As reclamações têm se
tornado uma constante contra toda e qualquer arbitragem. Seus movimentos sempre
buscam supervalorizar o contato dos adversários sugerindo marcação de falta a
seu favor. E quando o árbitro considera o lance como normal, expressões verbais
e corporais dramáticas são imediatamente executadas como forma de demonstrar
seu descontentamento. Uma pena, pois o time é muito bom! Tão bom que é merecida
e indiscutivelmente o tricampeão do NBB. Mas esse atual estilo de jogo tem
tornado os jogos do Brasília chatos de se ver. E com isso se desconcentram do
jogo e perdem o foco. Por duas vezes o Flamengo abriu 20 pontos de vantagem e o
time candango fez a diferença baixar para 10. Nas duas vezes, suas reclamações (mesmo
quando fundamentadas) deram ao rival a chance de cobrar sequências de lances
livres que distanciaram as equipes no placar. Na primeira vez, inclusive, o
time tinha acabado de sofrer uma falta antidesportiva, a 5ª do armador
flamenguista Vitor Benite. Brasília teria dois lances livres com Arthur (o
melhor em quadra) e mais a posse de bola, o que poderia deixar um saldo
negativo de apenas seis pontos, reequilibrando o jogo. Mas...
Eu não entendi
como ou por que (a TV não mostrou), mas o técnico do Brasília recebeu uma falta
técnica e depois uma desqualificante. Ou seja, a falta antidesportiva do
flamengo e a falta técnica do Brasília se anularam (em termos de penalidade),
sobrando no fim das contas, dois lances livres e posse de bola para o Flamengo.
Bem mais tarde, e novamente 10 pontos atrás, um ato impensado do armador
Nezinho, gerou novas faltas técnicas e desqualificantes. E o Flamengo teve
direito uma sequência de seis lances livres e posse de bola. Detalhe: foram
tantas infrações sucessivas que a arbitragem ainda se confundiu nas contas e
esqueceu de conceder outros dois arremessos ao time carioca (foram marcadas um
falta pessoal, duas técnicas e uma desqualificante, total de oito lances). Some-se
tudo isso às ausências dos pivôs Marcio Cipriano (lesionado) e Lucas Tischer (dispensado
aparentemente por razões técnicas), que limitaram as opções táticas do
treinador José Carlos Vidal.
O basquete
brasiliense se tornou uma marca forte no esporte nacional e precisa continuar.
Mas talvez seja interessante reformular o elenco para as próximas temporadas e
evitar que alguns dos maiores atletas do basquetebol nacional tenham suas
carreiras marcadas na reta final mais por reclamações do que cestas. Até por
que, já vimos isso acontecer antes...